Padrões de Consumo

Setorial

Historicamente, a mudança nos padrões de consumo pode ser verificada por meio de uma análise sobre o papel do indivíduo em seu meio, de forma que o amadurecimento da consciência possibilita discernir que o poder está nas mãos do homem comum; e o indivíduo, na posição de cidadão, toma para si tal poder, tornando-se consciente e responsável no exercício de seus papéis.

É inegável que nos últimos anos tem se verificado um aumento da conscientização das pessoas sobre os danos que o uso indiscriminado dos recursos naturais pode causar ao meio ambiente, levando o cidadão a assumir uma postura mais crítica em relação às suas opções de consumo, considerando características de produtos, até então tidas como não essenciais, no processo de escolha, as quais passaram a representar um fator importante no ato da compra.

Entretanto, embora tenha havido um aumento na consciência ambiental das pessoas, ainda não se verificou uma mudança efetiva nos padrões de consumo dos cidadãos, na medida em que a informação, por si só, não é o suficiente para mudar hábitos arraigados. Assim, as pessoas já sabem, por exemplo, dos benefícios da reciclagem, da existência de uma economia do lixo, etc., o que não impede que as cidades continuem sujas, que as pessoas continuem a jogar lixo em locais inapropriados e a gerar quantidades absurdas de resíduos.

Atualmente (2012), os 500 milhões de pessoas mais ricas do mundo, cerca de 7% da população, são responsáveis por 50% das emissões de gases de efeito estufa, enquanto os 3 bilhões de pessoas mais pobres emitem apenas 6%.
Diante desses dados, é possível constatar que, sem uma mudança cultural que coloque valores sustentáveis acima do consumismo, nenhuma revolução tecnológica ou política pública serão capazes de resgatar a humanidade de problemas graves climáticos, sociais e ambientais.

Em 2006, a humanidade consumiu algo em torno de US$ 30 trilhões em mercadorias e serviços, cerca de 28% a mais do que se consumiu há dez anos, o que levou a um aumento considerável da extração de recursos naturais para atender a essa demanda.
Os norte-americanos, por exemplo, consomem aproximadamente 88 kg de recursos por dia. Se todos vivessem dessa forma, a Terra só poderia sustentar um quinto da população mundial, ou seja, 1,4 bilhão de pessoas.

Apesar dessa constatação, não se pode desconsiderar o fato positivo de que o aumento progressivo da consciência da população em relação à necessidade de adotar padrões mais responsáveis de utilização dos recursos naturais terá consequências virtuosas, principalmente a médio e longo prazo, com a modificação de comportamentos e hábitos de consumo.

Referidas mudanças vêm sendo estimuladas, inclusive, pela mídia que tem dado importância ao tema em razão das previsões negativas decorrentes do aquecimento global.

Ressalte-se, ainda, que um consumo nunca é 100% sustentável, pois a sustentabilidade é um conceito complexo e deve ser buscada em toda a cadeia produtiva. Dificilmente um produto ou serviço é inteiramente sustentável, até mesmo porque ainda vivemos na era dos combustíveis fósseis. Porém, o consumo consciente, por enquanto praticado apenas por uma pequena parcela da população, geralmente urbana e bem posicionada economicamente, é crescente e já viabiliza uma série de negócios, estruturando mercados que não existiam há 15, 20 anos, como, por exemplo, o de alimentos orgânicos, equipamentos ecoeficientes e biocombustíveis.


Dessa forma, as empresas vêm sofrendo uma revolução em suas práticas e processos de produção, o que é mais sentido, entretanto, em uma pequena elite preocupada com as novas tendências do mercado e com visão de longo prazo.

Cadernos de Educação Ambiental – Consumo Sustentável – Denize Coelho Cavalcanti 

Fonte: Portal Resíduos Sólidos

 

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